(Foto: Qatar Airways)
Hoje, já são quase 35% dos brasileiros 100% vacinados e espera-se que nas próximas semanas esse percentual avance significativamente no país. Ao mesmo tempo, a cada semana temos novas fronteiras internacionais reabrindo para o Brasil e, consequentemente, mais viajantes decidindo fazer seus primeiros voos dos últimos dezoito meses. Mas, em viagens de avião, como ter segurança na pandemia?
Voos mais curtos, dentro do Brasil, não costumam gerar tantas dúvidas. Médicos e cientistas em geral recomendam que o passageiro procure comer antes de sair de casa, vista a máscara ao sair para o aeroporto e só a retire ao chegar ao seu hotel no destino final. Fazer isso em voos domésticos, com duração entre 1 e 4 horas de duração, é algo bem viável – mesmo contando a espera extra no aeroporto e demais deslocamentos.
Mas como fazer quando estamos falando de voos internacionais, que exigem antecedência mínima de 3h para o check in no aeroporto e podem ter 10, 12, 15h de duração (no caso dos voos diretos intercontinentais a partir do Brasil)? É mesmo tarefa extremamente difícil conseguir passar todo esse tempo sem se alimentar.
Pensando nisso, na semana passada conversei com o pesquisador Vitor Mori sobre isso. Vitor é pesquisador na Universidade de Vermont (EUA) e membro do Observatório COVID-19BR. E trago para o texto de hoje os principais trechos do depoimento dele.
Viagens de avião: como ter segurança nos voos longos na pandemia
Se você não conhece ainda, vale saber que Vitor Mori tem sido uma importante fonte de informação sobre prevenção e enfrentamento da Covid-19 para muita gente através de seu perfil @vitormori no Twitter. Foi um dos primeiros a ensinar com clareza e didática a importância do uso das máscaras tipo pff2/N95, por exemplo. Também tem um fio excelente sobre como reutilizar esse tipo de máscaras com segurança.
Com cada vez mais gente me perguntando das DMs do meu instagram @maricampos como tentar ter ao menos um pouquinho mais segurança ao enfrentar voos de longa duração na pandemia, na semana passada pedi a Vitor para me ajudar nessa tarefa.
E Vitor é taxativo na recomendação principal: “Como em aeroportos e aviões há muita gente em um mesmo espaço fechado, compartilhando o mesmo ar, não existe outra solução que não envolva usar máscaras de boa qualidade e bem ajustadas o tempo todo. Principalmente as máscaras tipo pff2, que são as mais seguras nesse caso”, afirma.
Vitor faz questão de relembrar que, durante o voo, os sistemas de filtragem dos aviões são muito bons e eficientes hoje em dia. O fato de filtrarem todo o ar constantemente, em intervalos de 3 minutos, ajuda a reduzir bastante os riscos de transmissão da doença.
Ainda assim, com a rapidez e facilidade de contaminação da variante Delta, e como os voos de longa duração envolvem sempre muitas pessoas no mesmo local, e com muita proximidade, o risco ainda é grande e precisa ser evitado ao máximo. “É fundamental retirar a máscara o mínimo de vezes possível, apenas quando for mesmo necessário fazê-lo, e sempre fazê-lo pelo menor tempo possível”, alerta. “Mesmo com a boa filtragem do ar nos aviões ainda temos um risco grande se uma pessoa próxima estiver infectada”, explica.
Então é preciso cuidado e atenção constantes, zelando para que intervalos para alimentação e mesmo para beber água sejam sempre rápidos e precisos. “Se a pessoa conseguir ficar sem se alimentar no voo, é melhor. Se não, é tentar comer o mais rapidamente possível e já colocar a máscara corretamente, bem ajustada no rosto, logo em seguida”, explica. Conselho válido inclusive para a classe executiva, mesmo tendo um pouco mais de distanciamento entre passageiros.
Como zelar pela segurança sanitária no aeroporto
A mesma recomendação que ele faz para o comportamento do viajante durante os voos feitos durante a pandemia, ele repete para o tempo de permanência nos aeroportos. Afinal, trata-se também de um espaço fechado com muita gente respirando o mesmo ar o tempo todo – e sem o sistema de filtragem do ar presente nos aviões. “A minha recomendação é mesmo ficar o tempo todo no aeroporto de máscara”, afirma Vitor.
Mas sabemos que nem sempre é possível e que algumas pessoas precisam se alimentar em intervalos menores, inclusive por questões de saúde. “Se for comer alguma coisa no aeroporto, o ideal é procurar fazê-lo numa parte externa, ao ar livre, onde o risco é sempre menor. Se não houver essa possibilidade, então tentar escolher um local o mais afastado possível de outras pessoas e só então retirar a máscara para comer”, sugere.
Vítor Mori ainda alerta sobre a importância de evitar conversas e bate-papos em geral, tanto no avião quanto no aeroporto, mesmo com o uso correto das máscaras mais adequadas. “Quanto mais a gente fala, mais partículas a gente emite e maior o risco de transmitir o vírus se estivermos infectados. Mesmo na hora de comer, o ideal é fazer a refeição rapidamente e em silêncio, e colocar a máscara de volta no rosto, bem ajustada, logo na sequência”, ensina.
Olho vivo também na utilização das salas vip: se houver muita gente compartilhando um mesmo espaço reduzido, não é seguro retirar a máscara para comer e beber ali. No aeroporto de Guarulhos, em SP, por exemplo, não existem espaços ao ar livre depois que o passageiro passa pelo raio-X e imigração.
Então vale buscar sempre, em qualquer um desses casos, lugares com a menor concentração de pessoas antes de tirar sua máscara para comer ou beber enquanto espera o seu voo. E levar consigo a orientação principal do pesquisador: “Usar máscara pff2 bem ajustada no seu rosto pelo maior tempo que der, sempre”.