(Foto: Foto: Divulgação/Polícia Civil)
Delegado diz que profissional usou o pretexto de um exame físico para cometer o ato. Médico negou as acusações e disse que não irá comentar os fatos.O médico ortopedista Otacílio Rodrigues de Barros Neto, de 36 anos, foi indiciado pela Polícia Civil por violação sexual mediante fraude, em Iporá, região oeste de Goiás. De acordo com o delegado Igor Moreira, a paciente, de 46, estava em uma consulta quando o profissional usou o pretexto de um exame físico para cometer o crime.
"A vítima afirma ter sentido algo tocando em seu corpo. Então, ela se virou e viu que o médico estava com a calça aberta. Ela ficou muito angustiada, muito nervosa, começou a gritar por socorro dizendo que estava sendo assediada", narra o investigador.
Em nota enviada ao G1, o ortopedista, através de seu advogado, nega todas as acusações. O comunicado diz que as informações divulgadas na mídia e nas redes sociais pela Polícia Civil estão inseridas no processo que tramita sob segredo de justiça, por isso o médico não irá comentar os fatos, que ainda serão objeto de apuração na ação penal pertinente caso o Ministério Público entenda ser o caso de oferecimento da denúncia (veja nota na íntegra ao final do texto). O médico responde ao processo em liberdade.
Em depoimento, segundo a Polícia Civil, Otacílio também negou a prática dos atos, mas também disse não possuir desentendimento anterior com a vítima nem existir motivo para que ela fizesse uma acusação falsa em seu desfavor.
O caso aconteceu em 31 de maio deste ano e o investigado foi indiciado na última sexta-feira (18). Ao indiciar o profissional, o delegado também pediu a suspensão temporária do exercício da medicina e aguarda decisão judicial, além de encaminhar o documento ao Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego)
Em nota publicada em uma rede social na noite de segunda-feira (21), o Hospital São Paulo, onde o crime teria ocorrido, diz que repudia o assédio e violência de qualquer natureza contra a mulher.
“Acreditamos, também, na importância da apuração cautelosa, responsável e imparcial dos fatos”, diz o comunicado.
O G1 questionou por e-mail a unidade para obter informações sobre a conduta do profissional e as possíveis consequências, mas a unidade apenas replicou a nota publicada na rede social.
Em nota, o Cremego diz que tomou conhecimento do caso na segunda-feira e vai apurar a conduta do profissional.
Paciente com suspeita de Covid-19 denuncia que foi assediada por médico em Goiânia
Médico é preso suspeito de importunação sexual contra paciente durante consulta
Investigação
O investigador afirma que a paciente, após notar a atitude do médico, ficou desesperada e foi amparada por funcionários do hospital.
“As enfermeiras e outros médicos do hospital rapidamente foram até o consultório e atenderam essa vítima que estava visivelmente abalada”, fala o delegado.
Em seguida, a paciente registrou o crime na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). Além do depoimento dela, o delegado completa que uma enfermeira também relatou que, há 3 anos, foi assediada sexualmente pelo profissional.
“Nós percebemos que esse caso de 31 de maio não foi um caso isolado, nós iremos buscar ainda por outras vítimas e testemunhas de crimes sexuais cometidos pelo mesmo médico”, narra o investigador.
Conforme o delegado, a enfermeira prestou depoimento na delegacia e a polícia está buscando novas informações sobre o possível delito de assédio sexual ocorrido contra ela, bem como contra outras mulheres da região. Sobre esse caso, segundo a corporação, o investigado também negou, mas novamente disse não existir motivo para que a vítima fizesse acusação falsas.
De acordo com a PC, o crime cometido pode ter pena de até 6 anos de reclusão. A corporação informou também que nome e foto do profissional foram divulgados para auxiliar na investigação.
O Ministério Público de Goiás (MP-GO) informou que o inquérito ainda não chegou ao órgão.
Nota da defesa
O médico ortopedista Dr. Otacílio Rodrigues de Barros Neto, através de seu advogado, vem a público negar veementemente todas as acusações contra si formuladas por qualquer crime contra a liberdade sexual supostamente ocorrido no dia 31 de maio de 2021, enquanto no exercício de suas atividades profissionais.
Esclareço que as informações veiculadas na mídia e nas redes sociais pela autoridade policial que presidiu o inquérito policial estão inseridas em processo que tramita sob segredo de justiça, nos termos do art. 234-B do Código Penal Brasileiro, e por isso, deixo de tecer qualquer comentário sobre os fatos, que ainda serão objeto de apuração na ação penal pertinente caso o Ministério Público entenda ser o caso de oferecimento da denúncia.
De qualquer modo, as medidas jurídicas cabíveis estão sendo adotadas, e ao final, restará comprovada minha inocência das imputações formuladas inveridicamente pela suposta vítima.
Na oportunidade, o Dr. Otacílio Rodrigues de Barros Neto agradece o apoio que tem recebido de amigos, familiares e pacientes que conhecem a retidão de sua conduta pessoal e profissional, e confia que os fatos serão devidamente esclarecidos e a verdade prevalecerá após a formação do contraditório e da ampla defesa no seio judicial.
O Dr. Otacílio Rodrigues de Barros Neto reitera que se encontra à disposição das autoridades competentes para esclarecimento dos fatos apurados. Era o que havia a esclarecer.
Iporá – GO, 22 de junho de 2021.