(Foto: Por Vitor Santana, G1 GO)
Até o momento, são três vítimas, sendo uma adolescente. Denúncias surgiram após família da menor encontrar mensagens suspeitas no celular dela.A Polícia Civil está investigando um pastor de Goiânia pela suspeita de abuso a três fiéis, sendo uma delas uma adolescente. O delegado Rilmo Braga informou que o religioso negou qualquer crime em depoimento. As denúncias começaram após a família da menor encontrar mensagens suspeitas no celular dela com o pastor Esney Martins da Costa.
A Defensoria Pública do Estado informou que um ex-membro da igreja Renascendo para Cristo, coordenada pelo pastor investigado, soube dos supostos abusos e, sabendo da existência de um núcleo de apoio às vítimas no órgão, levou o caso aos defensores. O caso mais recente teria acontecido há poucos meses. Os outros teriam sido há dois e cinco anos.
“Essas vítimas trouxeram relatos muito semelhantes dos casos, embora cada um ocorreu em uma época. No início, elas começaram a frequentar a igreja e se sentiram acolhidas. Esse líder religioso se aproximava delas como uma figura paterna e começava a ajudar financeiramente, levar para fazer retiro”, disse a defensora pública Gabriela Hamdan.
Após ganhar a confiança das vítimas, começavam os abusos, segundo a defensora. “Começava-se com uma oração com imposição de mãos como se tivesse pegando no coração e, aí, descia a mão. Era algo sutil e as vítimas começavam a duvidar se estavam ficando loucas por estar acusando um homem de Deus” contou Hamdan.
Relatos
O pastor se apresentava aos fiéis como um intérprete da vontade de deus. Foi com esse discurso que ele conseguiu molestar uma das vítimas.
"Ele falava que era para o meu crescimento espiritual, que era pra eu crescer na vida. Ele às vezes confunde até a mente da gente em acreditar que o que ele faz vem de Deus", afirmou ela
Ela ainda disse que ao contar ao pastor que tinha sido abusada sexualmente quando era criança, ele insistiu ainda mais: "Você vai ter que passar pela ferida para ser curada. E aí eu fiquei: 'meu Deus, eu vou ter que ser molestada de novo para ser curada de um trauma que eu fui na infância?' Então isso não me deixava dormir", relembrou.
A família da adolescente relata que descobriu após perceber a mudança de comportamento da menina. "Todas as vezes que ela ia, ela chegava em casa chorando e se mutilava - as pernas, as costas. E eu comecei a desconfiar. Foi um choque. Quando eu vi aquilo, o meu mundo desabou. Eu morri ali. Eu me sinto culpada, eu me sinto culpada de tudo, mas eu também fui vítima disso tudo. Ele me enganou!", lamentou a mãe dela.
Em uma das mensagens encontradas, o religioso diz que a menor dormiria na casa dele. Em outra, ele orienta a garota a se fingir de "doida" para a família caso eles desconfiassem de algo. Segundo a família, os dois tiveram relações sexuais.
"Oi, amorzinho. Te amo. E olha, não se deixe vencer, tá bom? Não dá ouvido e faz o que eu falei. Se você tiver que dar uma de doida, você vai lá naquelas imagens da sua mãe e quebra tudinho. Joga no chão e rola no chão", diz a mensagem de áudio.
Investigação
Dois casos estão sendo investigados pela Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) e o da menor, na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). O pastor prestou depoimento e disse que é inocente.
“A princípio, o suspeito nega todas as acusações e se coloca à disposição da polícia. O que percebemos é que as informações trazidas aos autos em nada colaboraram com as investigações”, disse Rilmo Braga, delegado e gerente de Planejamento Operacional da Polícia Civil.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa do pastor nesta segunda-feira (2). Em nota enviada ao Fantástico, a advogada Rosângela Magalhães disse que ele prestou todas as informações solicitadas e está colaborando com as investigações. Ela apontou ainda que as denúncias não tratam de fatos praticados com violência ou grave ameaça.
A polícia ainda aguarda que novas testemunhas e até mesmo novas vítimas possam aparecer após as denúncias que já foram feitas. Se forem comprovadas as acusações, o pastor pode ser indiciado por crime de violação sexual mediante fraude e importunação sexual. Somadas, as penas podem ultrapassar dez anos de prisão.