(Foto: Por Millena Barbosa, G1 GO )
Moradores de Goiânia, ele e a esposa estão recebendo comentários ofensivos após postarem fotos com bebê: ‘Não tem cabimento pais negros gerarem filho branco’. Polícia Civil investiga caso.O pastor evangélico Marcos Davis Moreira de Oliveira, de 30 anos, que foi questionado pela cor de pele do filho recém-nascido, decidiu procurar a Polícia Civil, em Goiânia, depois de receber ataques nas redes sociais. Segundo o pai, novos comentários ofensivos surgiram depois que ele e a esposa postaram fotos de um ensaio com o bebê.
“Vou lutar até o fim para que essas pessoas sejam punidas. Serei uma voz na luta contra o racismo, contra pessoas cruéis e desumanas que cometem esses crimes”, afirmou Marcos.
Marcos e a esposa, Débora Davis, de 25 anos, começaram a receber os primeiros questionamentos depois de postarem uma foto segurando o filho, o pequeno Noah Davis, que nasceu no dia 19 de agosto deste ano. Na época, um dos internautas chegou a escrever: “Não tem cabimento pais negros gerarem filho branco”.
Na ocasião, o pastor chegou a publicar uma nota de repúdio em que se mostrava indignado com a situação. No entanto, até então, ele havia optado por não procurar a polícia, pois acreditou que as ofensas não iriam continuar.
“Eu não tinha conhecimento jurídico. Então, fiz a nota de repúdio porque não aceitava que minha família fosse submetida a tamanho desrespeito. Mas, não parou por aí. Foi ficando cada vez pior”
Segundo Marcos, na última semana, quando ele postou em seu instagram um ensaio feito com a esposa e o filho, algumas seguidores mandaram mensagens perguntando quando ele iria fazer o exame de DNA que comprovasse que o filho era realmente dele, já que o menino havia nascido com a pele mais clara.
“Eu ainda postei as fotos enfatizando a questão do racismo, mas logo sugiram comentários ofensivos. Um deles até pedia para a gente provar que erámos os pais, já que somos pessoas públicas. Um momento de realização do nosso sonho, virou um desgaste emocional”, afirmou.
Investigação
Diante dessa situação, Marcos decidiu procurar o Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri), em Goiânia, onde registrou a denúncia. De acordo com o delegado Joaquim Adorno, um inquérito foi instaurado para apurar o caso.
De acordo com o investigador, as provas reunidas pela vítima podem levar a punição de quem fez os comentários ofensivos, podendo a pessoa investigada responder por injúria racial que, em caso de condenação, prevê até três anos de prisão.
“As pessoas precisam entender que, independente da gravidade, ofender a honra de uma pessoa na internet pode gerar punição. A internet não é território sem lei”, afirmou o delegado.